segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sem mais pedidos


Em meio a luzes de uma cidade engarrafada, fez uma retrospectiva de um ano bom, ou melhor, um ano excelente. Foi assim que ela conclui seus pensamentos em relação ao balanço do ano. Finalizou seu percurso do dia com uma parada em uma igreja do centro da cidade, coisa que gostava de fazer sempre que precisava do contato com Deus, sempre evitou missas, mas sempre adorou a paz da igreja vazia em um fim de tarde qualquer. E sentada em um banco pouco confortável de madeira retomou o pensamento de outrora. E em meio as suas orações e breves agradecimentos, fez uma pequena lista imaginaria de pedidos, talvez para 2010. Acabada a lista, retomou uma curta oração antecedente aos pedidos, e em meio a sua lista, que nem era grande, sentiu um pequeno nó na garganta, não conseguira repetir nenhum dos pedidos da sua lista, e em meio ao engasgo, ela percebeu que não tinha mais o que pedir diante do tão bom ano. Sua pele alva logo enrubesceu demonstrando externamente seu sentimento de egoísmo, que por ela mesma fora barrado. Excelente ano, exclamou ela em pensamento. Excelente ano, repetiu. Mesmo não tendo alcançado todos os desejos, o que é comum para todos, esse sim foi um excelente anos, e começou a colocar nos dedos, os quais não tinha para enumerar tantos feitos bons. Em meio a provações e aprovações, teria sido pelo que se lembrava se não o melhor, um deles. Percebeu o quanto somos capazes de pedir muito mais do que agradecer. Queremos e esperamos sempre mais. Aliviada ficou em perceber tão grave erro. Levantou do banco delicadamente, estufou o peito, esboçou um leve sorriso (doce) e saiu sem vontade e principalmente sem coragem de fazer um único pedido.