sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Do Avesso

Um olhar e muitas afinidades detalhadas em um único encontro.  Era sim um amor natimorto, igual feto que morre no útero sem poder desfilar sua beleza, morreu antes mesmo de nascer. Tão inexplicável acontecimento, talvez acaso, ou destino ou falta de sorte quem sabe.  Um, dois, três dias passaram até que chegaram os meses, reencontro sutil, mais para dar uma explicação, um suspiro e um lamento de ambas as partes.  O que causou a morte prematura de um sentimento aparentemente bonito pela reciprocidade foi entendido e perdoado. Seguiram então conversas, brincadeiras, ternuras e desabafos. Um ausente presente. E como tudo que chega forte causa mudanças, com eles não poderia ser diferente. Revirou os olhos, contorceu o corpo, virou do avesso, entendeu que existia um antes e um depois. E aquele momento que a priori lhe pareceu triste, revelou que antes de morrer plantou semente e o fruto viria a partir de agora (sabia ela) muito doce.

domingo, 14 de novembro de 2010

Blá


- amor só de filho e de mãe quem quiser me amar que sofra!
- Num é de uma banda de forró?

- É!

- Prefiro quando ele diz: não choro por quem me deixa e não abandono quem me quer.

- Pois eu quero que sofra.

- Aff! Que papo mulher desiludida (risos). Já já começa a falar que eles não prestam e que são tudo igual. Nojinho desse papo chato.

- Acho que tou, não quero mais gostar de ninguém.

- Pois eu quero e de muitos.

-Tu não conta. Tens um jeito macho de ser...

- E tou errada? Papo de mulher desiludida é muito foda. No final ela de tanto pegar se apega do mesmo jeito.

- Será?

- Aposto! Pode mentir, mas...

- Mulher é um bicho besta mesmo.

- É por isso que eu digo: ame todos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Apenas mais uma de amor

Desde a adolescência ela dizia ter o que chamava de compulsividade por amar, explicando melhor, a mocinha se apaixonava mais fácil do que qualquer princesa das histórias infantis. Só que entrelaçado ao fácil coração, existia um Q de “cafajeste” no “olhar” da pobre mocinha. E ela usava sabiamente e juntamente com todas as outras letras do alfabeto esse Q a mais. Não era galinhagem nem desapego pelo amado da vez. Respeitava a fidelidade e principalmente a lealdade. Mas conseguia ela compactar cada ser apaixonante em um espaço no seu coração de mãe, mãezona, e um de forma alguma invadia o lugar do outro. Cada qual com suas qualidades atribuídas por ela.
Real que era cultivava suas duas ou no máximo três horas de bode pelo relacionamento não engrenado, mas enxugava as lágrimas, quando tinha, lembrando do novo affair. Que não necessariamente precisava ser novo. E já ia até ele com jeitinho meigo de quem quer colinho.
Com isso claro, a mocinha viveu estórias hilárias, situações de risco, encrenca da grossa, amores bacana e desapegos muito.
Não era fácil administrar tanta gente apaixonante, e pior ainda descartá-los de vez.
Como tudo, tinha lá seu lado bom e ruim, que não deve e nem precisa de explicação.
Mas a mocinha, que caminhava na leveza do seu coração carregado, levava consigo o fato de que amar é se libertar e que as pessoas são realmente apaixonantes, cada um com uma peça impar para completar o jogo: da vida, do amor, ou ego, sabe-se lá.
E ela, não poderia jamais reclamar de não ter se divertido.

sábado, 23 de outubro de 2010

Efeito dos defeitos

- [...]Ele ronca?
- Mas ele é tão lindo que eu nem me importo tanto.
- Por enquanto...

Mexido e remexido, pronto chegou ao fim. Não dá mais, não tem mais jeito. É assim que encurta-se a dissertação de um cansativo relacionamento, com uma frase e algumas negativas que bastam pra expressar o sentimento. O engraçado é notar o quanto o tolerável vira intolerável aos olhos de ambos. Dois seres, ao deixarem o embolado dos lençóis, notam que pequenos defeitos e atitudes viram monstros assustadores e sem chances de serem derrotados. E parece que aqueles dias, meses e até anos de tolerância viram munição para uma guerra declarada: a de entender que você não é mais considerada uma pessoa legal.

Ué, mas... e nossas conversas e brincadeiras (amizade) pra onde foram? Pergunta uma das partes (ou ambas, sei lá).

Provavelmente virou pólvora para montar a bala que lhe atingirá o peito, (bem no meio) pra que não restem dúvidas que você não deve mais estar ali. Morreu, xô, cai fora.

domingo, 3 de outubro de 2010

Te protege

Há quem não acredite, mas olho gordo é algo que atrapalha e muito a vida de um pobre mortal. Ambientes carregados fazem com que pessoas tenham não apenas o semblante apagado. Atinge a saúde, atinge o humor, atinge o físico.

Foi assim que ela narrou o que sentiu nesses poucos meses que passou junto de pessoas de pouca luz. Não notou que metade do que tava lhe acontecendo pudesse ter relação a pessoas que por algum motivo tem inveja ou desejam mal. É difícil notar quando você não exerce a prática.

Ao perceber que metade das mazelas vividas, principalmente em relação à saúde não tinha explicação lógica, passou a reparar mais as pessoas que lhe cercavam. Era um olhar, uma palavra ou qualquer coisa que pudesse revelar o que procurava entender. Percebeu o que queria. Não tardou começou a tomar providencias, de cara o resolvido foi o afastamento. Não que não quisesse ou precisasse estar onde estava. Mas a carga era maior que o lucro. E no fim o que chegava às suas mãos vinha tão pesado que ia embora sem ser notado.

Sem precisar se pronunciar o afastamento foi feito, de forma covarde como era o esperado, mas quem vibrou por achar que estava lhe fazendo mal, não sabia o bem que lhe dava.

E na manhã seguinte amanheceu muito mais leve.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

De/para

Caro Anônimo, embora você se esconda, de forma proposital ou não, por trás de um pseudônimo que aguça minha curiosidade, fico feliz com sua presença aqui. A qual me surpreende quando vejo as estatísticas do blog. Costumo chamá-los de: o que pouco fala e muito vê.

Acho engraçado ser lida e relida por pessoas que nem sabia que existia (e vise-versa), e confesso que me surpreendo em saber que meia dúzia de palavras para afastar a solidão e treinar o péssimo português que tenho desperte interesse de outros que gastam um minutinho do seu tempo comigo.

Enfim, sejam bem vindos. Mas desculpas pela falta de jeito com as letras, é que deixei para trás o sonho de ser escritora ao 6 anos e não me lembro qual foi o trauma.

Ps.: gosto muito de ler comentários, e quem escreveu o último e disse que está sempre por aqui, fica escrito o meu volte sempre.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Com ou sem fio

- Oi!


- Oi! Vc ligando?

-É, deu vontade.

-Mas você sempre disse que não gosta de telefone.

-Disse e repito  não gosto mesmo, e como sei que sou chata quando estou nele, evito.

-Então pq ligou?

-Saudades, acho que tenho que mudar esse meu jeito de não procurar as pessoas.

-Poxa que bom. É um bom começo.

-É, e se a gente não procura, acho que termina parecendo que não ligamos, sei lá. Mesmo que não seja verdade. Eu mesma não consigo ficar amiga dessa forma de contato

-Mas é sempre bom falar assim, a voz é uma boa maneira de se expressar, ela comanda.

- É concordo, por isso não ligo tanto. A minha sempre tá chata ao telefone, mas não é com a pessoa, entende? Fico irritada, não escuto direito, e termino não evitando o modo de falar, por vezes nem noto aff.

- Já notei esse seu problema!

- E liga?

-Às vezes. Fica parecendo que não gosta de falar comigo.

-É eu sei. Venho aprendendo com os erros. Já levei nome de fria, desinteressada e etc por causa disso.

-Também não é pra tanto.

- Ah, eu acho que é. Mas não adianta, criticar e não ajudar. Se eu não ligo e o outro não liga, quando vir viram dois turrões. Mas confesso que tenho sentido vontade de fazer isso. Sinto falta do companheirismo, troca de idéias e tal.

-Então ligue sempre, bom ouvir vc. E assim vc perde esse se medo do telefone.

-É (risos) talvez seja bom. Bom também é trocar erros por acertos agora que a estória começa, mesmo que seja outra estória.

- Sempre bom aprender e levar pro bem. Enriquece...

- É pelo menos telefone eu descobri que não morde. Não com tanta força...

domingo, 12 de setembro de 2010

Há sempre outro

Distraída fazendo afazeres que tinha ficado pendentes, prestou atenção na música que começara a tocar, no cd que colocou aleatoriamente. Felicidade, versão de Love of my Life de Freddie Mercury, e tão bela quanto.
Mesmo sem notar parara de fazer o que estava fazendo e sintonizara na música, trouxera lembrança que há muito ela negava lembrar. Pessoas e seus graves atos.
Os olhos, sem querer marejaram, comprovaram ser esse o instinto não controlado e único nos seres humanos. Não queria chorar e chorou.
Poucas lágrimas, mas presentes e duras.
Sabia que tinha feito de tudo o que estava ao seu alcance para permanecer ali, mas não queria ter o sentimento de vazio e bobo, como começava a sentir. Restava apenas entender o motivo de um novo começo, com igual fim. Mas se culpava por não ter previsto tudo, afinal novidade seria vim dele atitudes diferentes, já sabia.
Continuou a ouvir o cd que tocava, como consolo a música seguinte era: Estou a dois passos do paraíso. O que era lágrima virou sorriso, dos bons. E lembrou-se de tudo que lhe esperava, retirou a milhas de distância do novo amor e foi viver no paraíso. Retornou a falar uma frase de um amigo (Há sempre um homem p salvar vc de outro), que provavelmente era uma frase de outro alguém. Estufou o peito e foi viver o que lhe esperava.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

De repente 15

Se conheceram há alguns anos, nesses acasos da vida, não demorou ele, que na época entrava para os 30, chamou intensamente sua atenção, pelos atributos psicológicos que ele tinha. Parecia um cara legal, centrado, cheio de idéias boas, gentil, carinhoso, bonito, tudo aquilo que a mulherada gosta. À medida que foram se conhecendo mais intimamente algumas atitudes que não condizia com a idade, nem com o psicológico do cara foram aparecendo. Ela ficava encucada com esses ataques de meninice, mas achava que seria passageiro.
Continuaram o relacionamento, que não era próprio da idade de nenhum dos dois, mas ela que no momento saia de um relacionamento conturbado, achou bom ser assim o início de tudo. O tempo foi passando e ele oscilava mais e mais, ora falava como homem e ora como menino. Ela como a maioria das garotas de sua idade, começou a sentir que queria sim um relacionamento mais sério, não pensando em casamento, pois ainda não se sentia preparada, embora tinha quase trinta, mas queria conversas mais íntimas, sexo menos preocupado, viagens a dois e até dividir problemas, nada de mais, pensava.
O problema foi que ao passar a idéia pro moço, o coitado "pirou", ou melhor, revelou sua verdadeira identidade, menino de 15 fantasiado de 30. Começou com um papo estranho de pegar todas, pelo menos duas por festa, acho! O lema agora era sacanagem, pisar em tudo e em todas. O velho caiu na rede é peixe. Usou calcinha eu pego. Provavelmente tava soltando cantada até do tipo: Olá, meu nome é Arlindo, mas pode me chamar de "Lindo", porque perdi o "Ar" quando te vi. Chocante.
Não conseguia imaginar tal pessoa nesse nível, nem o que teria levado a isso. Mas estava lá, estampado em tudo o agora eu sou cafajeste.
Coitado, além de tudo interpretava mal seu personagem garoto problema. O que fazia ela rir, sem dúvidas, mas se ele escolheu voltar aos tempos das espinhas-e-super-hormônios, não podia ela fazer nada. Também não estava disposta a esperar a fase passar, se é que ia.
Como ele deixou bem claro que era do jeito dele ou nada, ela retirou sua insignificância, e jogou fora os desejos que tinha para com o moço. De adolescente bastava os que rodeavam sua profissão, e ela nunca gostou do corpo franzino e das espinhas, nem curtia lugares e papos dos mesmos.
Lamentou, como pode alguém com tanta qualidade física e psicológica, se esconder por trás de um personagem tão sem graça, é uma perda e tanto para as mulheres de quase 30.
Mas enfim como ele mesmo tem gostado de dizer : mulher é o que não falta. Mesmo que se tenha que fazer um esforço danado para mantê-la calada, mas quem pega e não se apega não quer diálogo, não mesmo.
É, voltar aos 15 é fácil, difícil é viver tudo que se jogou fora na fase dos 30 deixados pra trás. E o tempo, meu querido, é cruel, com todos. Fato.
Se esconder num personagem juvenil pra evitar a responsabilidade dos trinta, nunca foi a melhor maneira de passar por ele. Mas é uma boa maneira de ver ele (os 30) passar por você.

* Relatando um sonho.

domingo, 5 de setembro de 2010

Pouco é melhor que nada ...


No curso iniciamos uma disciplina chamada ética, se não me falha a memória, pois sempre esqueço o nome das disciplinas que pago, mas o que importa é que o assunto sim era ética.
Começava a aula com o que supostamente é ética: aquilo que o homem é por aquilo que o homem tem que ser, complexo.
No decorrer da aula discutimos (eles, pois eu não tava com vontade de falar no dia, embora isso não seja normal) sobre moral e ética.
Como conclusão tirei que embora muito cobrada a tal da ética é pordemaisdifícil de ser exercida, embora hipocritamente dita ser respeitada.
O questionamento da aula ficou em: vc tem ética? Resposta cabível: depende.
Ué, dique? Do dia,da hora, do humor e etc de coisas.
Saí então listando minha falta de ética (diária) que tinha em mente!
No mesmo dia da aula peguei um ônibus cheio e fiquei no acento preferencial, tá todo mundo faz isso (bando-de-sem-ética), mas agravou por que tinha uma pseudoidosa e eu fiz que não vi, ela era médiavelhinha, mas eu tava cansada Fi/nge que tá dormindo foi a frase pra amiga! Feio, muito feio.
Passando uns dias, pisei na grama onde tinha não pise bem grande, dei de cara com um buraco e quase quebro o pé, acho que foi castigo do deus da Ética.
Entrei na fila de grávidas pq tava com vestido que esconde a barriga média e deixa as pessoas na dúvida se pode ser uns três ou quatro meses (barriga pequena, mas fase de risco, ora!), nessa passei duas horas quase, muito a mais do que o previsto, pobre falsa grávida, Deus da Ética atacou de novo.
Reclamei da operadora de caixa que era lenta demais, mesmo notando que ela apresentava deficiência perceptível, ora-mas-que-função-colocaram-ela, troquei de caixa e nem preciso dizer o que houve.
Embora médias essas não as únicas faltas cometidas por mim, com certeza.
Percebo que fácil é ter moral (daqueles que vai pro bem, já que a moral se define como aquilo que você acredita e impõe para si).
E que as regras da ética não seriam tão difícil de serem mais ou menos cumpridas se tivéssemos subsídio e menos cara de pau para com ela.
Que a gente tenta, mas é difícil ser 24h do dia ético, e que mesmo que o Deus da Ética tenha parentesco com Murphy, os castigos lançados não nos amedrontam tanto.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Seres humanos (?)

Engraçado como algumas pessoas tem uma dificuldade imensa de criar sentimentos ruins pelas pessoas próximas, embora esses na maioria das vezes consigam fazer tanto mal. Bondade demasiada? Não, apenas não são receptoras de sentimentos ruins. E o não guardar sentimentos ruins não significa perdoar a tudo que se faça, a mágoa fica, o que era especial passa a ser trivial,  indiferente.
A dificuldade fica apenas em entender o que se ganha fazendo mal a alguém, embora o mundo de hoje infelizmente mostra que deve-se ganhar muito. O que de bom é que é a dúvida.
O bom é que pessoas que não guardam sentimentos ruins no coração conseguem se livrar do dano que tentaram provocar com mais facilidade.
Mas fica a falta de entendimento de como alguém querido pode ter aversão ao sentimento dado, e isso inclui amor, amizade e maternidade/paternidade.
Incredulidade é o sentimento ao ouvir palavras que ferem serem exibidas como coisas banais. O coração trinca, as mãos tremem, fica a perplexidade, os olhos arregalados e chorosos de que está assustado.
Sentimento de humilhação, rejeição latejam no peito, mas logo vem a força seguida da frase, deixa isso pra lá. Brigar pra quê, se expor pra quê... nada muda. Já foi.
Se tornar malzinho não é a solução, pagar na mesma moeda só te iguala em tudo.
Só resta parafrasear um bom livro, daqueles que te param no tempo – os seres humanos (?) continuam assombrando (frase modificada de a menina que roubava livros).

domingo, 29 de agosto de 2010

Quando a saudade aperta

Quando a cabeça se opõe aos caprichos do coração como castigo vem a saudade. Toda sinuosa, por saber o tamanho que tem no indivíduo instalado. Ofuscando a visão, restaurando lembranças, trazendo à tona o que insistentemente foi deixado adormecido. Tirando o fôlego que outrora foi retomado.
E o que ela não sabe, ou parece não se importar é que quando a cabeça se opõe ao coração, grandes são os motivos.
E a cabeça, teimosa que é insiste em combater a saudade com flashes de tudo que fora vivido. Mas o coração retoma entre muitos sentimentos, o de amor a si mesmo e com isso impõe que não se deixe para traz a índole conquistada, que por qualquer migalha de amor não pode ser esquecida, sim, o que não é completo como o esperado pode ser chamado de migalha, mesmo que esse pouco não seja ruim, mas sem dúvidas é insuficiente.
E o coração como imponente que é não aceita que o tudo seja tão pouco e combate a saudade com toda força que pode, e deixa que ela não passe de bons pensamentos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Jogo da verdade?


Quando na adolescência, jogar o jogo da verdade era o primeiro passo pra falar um monte de mentiras. Sim, dificilmente alguém queria ficar por baixo quando o assunto era relacionamento amoroso, e como as perguntas eram todas, ou quase todas desse nível bem, fácil era mentir.
A adolescência passa, mas o jogo da mentira não. Talvez porque os relacionamentos antes visto como meros assuntos de jogo de calçada viram casos sérios e difíceis de serem administrados. E quando fala-se em mentira não é relacionando a fidelidade ou lealdade não. A mentira aparece nas coisas mais banais, ou aparentemente banais. Quem sabe seja por um não querer que os sentimentos nos atropelem, medo mesmo de estar nas mãos dele. O que pesa é que mentiras pequenas podem causar abalos grandes, quando descobertas ou suspeitas. E aquilo que foi dito a esmo, meio sem se preocupar com o impacto, cresce além do que era esperado. Pena pros dois se o intuito não era um dano tão grande.
É difícil fugir das mentirinhas, seja elas boas ou más (mal?) intencionadas, parece que nos acostumamos a tê-las por perto, e assim com no jogo da verdade a mentira para nós, ex-adolescente, faz com que pareçamos esperto, mesmo sem notar o semblante de bobo estampado na cara.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Imaginário ou não


Cantarolava ao subir a escada quando parou e olhou para trás como quem obedece a um chamado. Que foi? Perguntou sua mãe. Tati falou comigo, respondeu a garotinha. E Tati está aqui? Replicou a mãe. Tá, ai do teu lado!
Comum em sua família era casos de amigos imaginários, não tão reais e prolongados quanto o da pequena garotinha, que lhe acompanhava desde seus 2 aninhos e meio.
No bate e rebate de histórias de família, lembrou-se da tia da garotinha que tinha visitas noturnas de um macaquinho, daqueles no estilo Murphy dos anos 80/90. Sim, visita absolutamente noturna e aventureira. Todo dia era um roteiro especial dos danados, e os diálogos muitos durante toda à noite. Talvez este seja o motivo das insônias persistentes da mocinha, ter aprendido a sonhar acordada ainda pequenina. A visita durou até vim a mudança de casa, e sua saída a força do local, seu amigo apegado ao local, talvez, não acompanhou. Logo a vivência do fato virou um leve recordar sem nexo.
Para alguns a presença de um amigo não passa de imaginação das criancinhas, para outros a visita de espírito amigo. Não sei ao certo, mas quem passa e lembra a experiência, percebe não ter muito haver com imaginação. E quando engraçadamente a visita desses “amigos” passa a serem rostos conhecidos em fotografias antigas de parentes que já estão com Deus? Como fatos já relatados. Assim fica difícil justificar a tal imaginação. O que é não importa muito, se bem faz, claro. Mas que aguça a curiosidade isso não podemos negar!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Filhos


Meio em clima de maternidade dado pela alta fertilidade familiar, reativei os dons sempre tidos. E quiçá seja por isso meu maior receio de engravidar, se doar demais aos filhos.
Confesso que acho lindo tudo que vem da maternidade, e quão saboroso é essa fase de escolhas, seja de roupinhas e mimos ao para todo e sempre nome.
Na linha senhora das adivinhações faço meu presságio de que terei o único membro macho da família, o bendito entre as mulheres. Embora em sonho sempre apareça uma figura feminina, de cabelos e pele clara, mas como os sonhos são apenas sonhos e falhos, estes, mesmo que repetitivos, tende a padecer, a começar pela figura paterna, sempre presente nos sonhos, mas não na vida.
Ainda com os detalhes azuis em mente, exclamo o gosto pelo nome Gabriel, que soa com total doçura, e que cujo significado me agrada muito.
Esse dom divino, que mesmo deixando a silhueta ingrata por fatídicos nove meses, agora é bem-vindo, embora não há ideia se em meses ou anos, mas fica aqui possibilidades.
Ps: apesar do texto a vida de tia não é ruim, até pq as tias de hoje já não são as megeras do caritó. Tão boas que as sobrinhas pedem pra serem irmãs gêmeas.

domingo, 15 de agosto de 2010

Canção da Plenitude

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente,
e a pele translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas,
sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria,
busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor,
com mais paciência e não menos ardor,
a entender-te se precisas,
a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

L. Luft

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A desligada


Entrar no ônibus errado, usar cartão de plano de saúde pensando ser o passe-fácil, esquecer a escova dente no bolso, são umas das coisas comum que acontece com a menina desligada. Como se não bastasse, esquecer fisionomias, nomes e caminhos.
É fato que pessoas distraídas deixam de reparar coisas hilárias ou boas de mais para não serem notadas, embora quando notadas, às vezes, caem rapidamente no esquecimento.
Talvez seja biológico, e isso possa justificar sua parcela de culpa de passar pelo mundo sem repará-lo tão profundamente. Peninha!
Fato é que pessoas desligadas volta e meia chateiam-se com sua falta de atenção aguçada, pois bem, a danada só hoje, após 3 meses de curso, percebeu o Deus grego que lhe atendia vez e sempre na lanchonete do local, e fica dito que a mesma já falou e brincou várias vezes com o dono de tanta beleza. Mas ao sentar no banco e esperar seu habitual suco de cajá com leite, o qual ele já sabe o sabor preferido, reparou as linhas delicadas do seu rosto, o formato perfeito do sorriso, e foi descendo para notar o não notado antes. Estava em dívidas consigo. Exclamou: nossa! Onde eu tava que nem percebi isso tudo.
Enquanto esperava, filosofava sua própria distração: que me desculpe os feios, que são muitos, não é tão fácil ver um arranjo perfeito de corpo e rosto bem distribuídos, e sem querer deixar exposto o adjetivo de educado-demais-da-conta.
Encanto!
Beliscou-se, pegou gentilmente o suco, olhou nos olhos, sorriu com gratidão. Saiu! Não resistiu e olhou para trás. E percebeu que ela era distraída, mas ele percebia bem suas clientes.
Sorriso de ambos. E suco mais vezes, bom pra saúde, pros olhos e pro coração!

domingo, 8 de agosto de 2010

Shangri-la


Contando que todo mundo sonha com um lugar ideal, aquele sim parecia o seu. Um Shangri-la em plena cidade grande. Sim, para qualquer amante da natureza a promessa de 45.000m 2 de área verde parece sonho. E embora a paisagem do progresso estivesse por lá, o cuidado era tão grande que até os nomes dos edifícios caiam em graças ao falar de fauna e flora, soava bem dizer que morava no beija-flor, arara, papoula ou num tal jasmim. Era como se isso devolvesse um pouco da beleza natural das coisas.
Embora conhecesse apenas de nome, ousou falar do seu lugar encantado a quem um dia lhe perguntou sobre um lugar legal pra morar. Não revelou que era seu sonho estar ali, fincar raízes e produzir frutos tais quais todas as belas árvores que faziam moradia no mesmo terreno.
Sem esperar recebeu do mesmo amigo o convite de visitar o local, e o que fora descrito em folders de apresentação terminou enfim diante dos seus olhos. Incrível, o ar tinha cheiro de pureza e os passarinhos cantavam o tempo todo, reparou nas imensas árvores e nas formigas andando em trilha pela terra, que não era escassa por lá. Era mais sonho do que no próprio sonho.
Depois do deslumbre percebeu que estava sem graça diante do amigo, que para ela era mais que amigo, mas que por respeito a decisão do mesmo, quis chamar-lhe assim. Pra disfarçar o rubro do rosto, que teimava em aparecer, decidiu continuar escolhendo o nome da torre ideal para o seu humilde apartamento, brincava. E tratou de escolher o mesmo pelo nome de uma das flores que mais gostava: jasmim. Sua imaginação (um pouco fértil) foi interrompida pela presença do amigo não amigo, que falava as tantas com o corretor que mostrava o paraíso.
Sentiu-se feliz pela curiosidade do amigo não amigo, que tão preocupado em fazer perguntas, não percebeu quando os olhos delas revelaram em um sutil fio de lágrima, o lamento da possibilidade de o amigo não amigo fincar sua raiz sem produzir e dividir os frutos com ela. O sorriso espantou a lágrima teimosa que queria estragar a sua “descoberta” e dia.
E para quem perguntasse, poderia dizer que o paraíso agora tinha nome, e que era aqui na terra.

domingo, 1 de agosto de 2010

Entre elas




- Mas vcs num tão juntos ainda?
- Se aquilo pode se chamar de juntos, estamos sim?
- Vc disse que vcs estavam bem!
- Continuo dizendo, o que não quer dizer nada!!
- E o seu instrutor ?
- Continua provocando!
- E vc, fiel?
- Tentando. Difícil alguém reparando as mudanças do seu corpo. Ainda faz questão de dizer ao nosso amigo para eu ficar sabendo. Não bastava só olhar RS. Outro dia nos encontramos num barzinho desses...
- E ai?
- Se ele fosse mais esperto talvez não resistisse.
- Então quer dizer que com o outro não tá tão bem?
- Eu chego onde ele permite. Porém se eu cansar, ou achar pouco...
- Então vc não é tão apaixonada assim?
- Só sofro num relacionamento enquanto não tem outro, quando tem logo mudo o foco.
- Então tu nunca sofre!
(risos)
- Pois é, bolso e coração de mulher tem mesmo é que se manter independentes!
- Ôo

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Encare ela nos olhos

Com sintomas parecidos com chilique, frescura ou simplesmente manha, depressão é sim uma doença. E ela te traga. Consome aos poucos toda tua força interior e te coloca a fazer loucuras até que você não tenha mais forças e chegue ao fim, seja simplesmente vencido por ela. Para alguns a desistência é rápida e a conseqüência dura, para os mais fortes, os danos não são menos brandos, porém a vontade de permanecer aqui te coloca numa disputa com a vontade de desistir.
Não é fácil explicar como começa, e nem sempre ela transparece para até os mais próximos. Em sua maioria quando descoberta, já é ápice.
O choro constante, a angústia e o medo viram companhia. Torna qualquer adulto na mais frágil das crianças, te faz dormir de mãos dadas com pai e mãe com medo do invisível. Trava tua resposta quando alguém pergunta o que está acontecendo.
Vencer o que muitos teimam em não chamar de doença é difícil, embora não impossível, necessita que você busque força de onde nem se imagina que tem, e muitas vezes o estralo para o acordar do pesadelo real vem com pancadas mais fortes. Perdas te dão o toque que é preciso existir e insistir. Te prova por a+b que a vida é linda, e que você faz parte dela e que ao contrario do que os pensamentos atordoantes dizem és sim de muita importância para as pessoas que te circulam e é justamente o sofrimento não escondido delas que te fortalecem. O olhar dos pais querendo trocar de lugar só pra proteger-te de tanto sofrimento, o cuidado, o afago te faz crescer por dentro.
É como reaprender a andar para quem está com as pernas fracas, tudo treme! Sequelas ficam, te assombram constantemente. Para quem já sobreviveu a ela até a palavra recitada distraidamente torna-se apavorante.
É como se a morte tivesse razão quando ela narra sua estória no Livro A menina que roubava livros, onde diz que alguns seres humanos encaram ela nos olhos e de frente e esses vencem.

domingo, 18 de julho de 2010

Sem reciprocidade


Quando a gente tem alguém do lado esperamos companheirismo deste. Se não tem companheirismo e nem amizade, para que serve esse amor? Paira a dúvida. Não, não vale a pena o esforço sem reciprocidade. Apesar de o dito popular afirmar sempre que pancada de amor não dói, há quem não concorde.
Tal qual meu bom Alceu, talvez seja a hora de olhar com todo o cuidado para todos os lados do seu coração. Talvez você respire e reveja, ou se for o caso, em quanto há tempo corra! Aí você evita finalizar chorando entre a cama e o coberto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O poder de um sorriso II

Segundo melhor sorriso da minha vida: amanhã volto pra casa!

Alicerce


Meu coração já não aguenta tamanho susto. Pensou ela horas depois que tudo aconteceu. Mas logo percebeu que acontecimentos ruins e por nós inevitáveis tem o dom de unir pessoas ainda mais. E ela que nunca havia passado susto maior, viu pela primeira vez o medo que todos sentiram por um desmembramento da família. E apesar de tudo que passara naqueles dias tão duros, sentiu como nunca quão grande é a união de seus entes queridos. Que bom ter um alicerce grande e seguro. Ter quem abraçar num momento de aflição é dádiva de Deus, embora nem todos compreendam o privilégio recebido.
E em oração tornou a suplicar permanência grande de famílias como a sua: feliz.
E apesar do pedido lembrou do que mais gostava de dizer depois do amém:
sem pedidos só agradecimentos.

domingo, 11 de julho de 2010

O poder de um sorriso

Hoje recebi o melhor de todos os sorrisos em toda minha vida: o da constatação de um não derrame.

sábado, 10 de julho de 2010

Pequena declaração de amor


Acidentalmente como num destino traçado, ou talvez força do acaso.
Meio um você pintou como um sonho e eu fui atrás com tudo.
Com grande prazer, sem pressa na hora, mas com dias e noites assim.
Leve e louco.
Aproveitado e tocado.
Eu a caça e vc o caçador ou vise-versa sempre que um quiser.
Sem mistérios na paixão, apenas sendo.
Relembrando o princípio, vivendo o meio e não esperando o fim.
E se isso são coisas do amor, sim eu estou vivendo em outro mundo.
E jamais direi não.
Não fugirei de vc que é sem dúvidas o meu paraíso.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Eu bloqueio


Tá! A conectividade do mundo virtual nos deixou sem um tanto de privacidade, confesso. Mas lê-se privacidade como vontade de não falar com todos que você adiciona.
Algumas pessoas que por pura educação ou camaradagem, sei lá, adicionam a todos os “amigos” que pedem, tem ao seu favor uma das melhores invesões do messenger, o famoso bloquei, que ao contrário do estado offline, não te deixa invisível para os amigos um pouco menos irritantes, aqueles que não estão entre os favoritos, mas que dá pra conversar.
Evitar a saída mais que imediata por não conseguir dois minutos de prosa boa é maravilhoso, sem esquecer do se passar por educada, o que não faz você perder o brio diante do ciclo de amizade e convivio. E o fato de ser reversível não te faz sumir de vez. E aí a camaradagem permanece, caso sintam a sua falta!
Declaro com isso, pelo menos para mim, e com muito bom grado e uso, o fim da pentelhice virtual. Bom demais.

sábado, 26 de junho de 2010

W.O

Por vezes o silêncio é o melhor amigo da vez para não contrariar o famoso ditado não briga dois quando um não quer. E calar-se não é reprimir sentimentos.
A falta de coragem nunca vem num momento de raiva. O que diferencia é o termômetro que se usa para avaliar o fevor da situação. Se pode evitar... sim, evite. Não se julgue covarde por isso, pelo contrário, os mais fortes e corajosos estão sempre a evitar brigas, é isso que se aprende no tatame. E de tão bem treinados, não aceitam facilmente provocação.
O não medir esforços para estragar um(s) momento(s), faz dos aptos por um round a cada 5 minutos os vencedores por w.o. E como nos esportes o Walkover só confere uma vitória pela não existência de um número mínimo de competidor.
Traduzindo para vida real: de volta à solidão.

Humor negro


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Te dijo te amo


Soltar algumas palavrinhas mesmo em nosso melhor e doce sussurro, para muitos é quase que um dos maiores sacrifícios. Dificuldades de expressar sentimentos nos tira, é claro, o prazer de receber o tal afável- afeto. Talvez por medo, insegurança, timidez ou simplesmente o não saber conjugar o verbo esperado na primeira pessoa do singular. Por vezes parece genético, por outras, um dos caracteres adquiridos ao longo do tempo (crescimento). E não que isso seja o temeroso medo de amar, se ama, e como se ama. Ama tanto que fica o medo de expressar com exatidão a dimensão do sentimento tido. Benefícios com isso não existirão, mas assegura o "ego" de não se sentir o dono do amor maior, e sofrer dos prejuízos do mesmo. Entender que pessoas assim existem é bom, e para elas uma simples frase como um que bom te ver outra vez, pode sim significar um eu te amo. E a sorte nisso tudo é que os olhos nunca mentem.

domingo, 13 de junho de 2010

Noivar em um dia, casar em dois.


Traçar trajetórias perfeitas de uma vida em um pedacinho de papel, ou mente, é o mesmo que esperar a vivência de um momento de frustação. Seja qual for o plano que passe pela mente, a idéia de não conseguir fazer do jeito que foi planejado é assustadora. E quando, por ventura da falta de sorte a criatura traçadora de planos e sonhos é um ser perfeccionista, os danos tornam-se monstros. Que assombra e assombrarão por uma dezena de tempos futuros.
Sem amores, casa e estudos fincados, a idéia de viver o que dar na telha parece deixar de lado dores e temores. E não que o apego não chegue, pois para muitos, viver assim é deixar de lado o apego. Pelo contrário, os apegos são muitos, as expectativas é que não saõ tantas. E por fim os danos são mais amenos.

Li num livro


“Riachos gordurosos de água suja do Adriático se aninham junto aos alicerces maltratados desses prédios. Cidade fedorenta, lenta, afundada, misteriosa, silenciosa e estranha”. Isso é Veneza. Elizabeth Gilbert – Trecho do Livro Comer, Rezar, Amar.
Vou lembrar desse trecho na hora de progamar a minha Rômantica Lua de Mel.

domingo, 25 de abril de 2010

Boneca de Louça


Entre caixas e mais caixas tocou na sua antiga bonequinha de porcelana, sentada ali acariciando o rostinho resistente, exclamou: não é tamanha sorte ser uma boneca de porcelana, embora presenteada por traçados delicados e atraentes, tanta beleza esconde fragilidade. E isso nos tira o paradigma de ver belo como bom. Se é quebrável facilmente não é bom. Sorriu. Para que uma bonequinha assim dure aos castigos do tempo é preciso um bom dono.
Ainda fitando aquela pele ávida lembrou–se de uma frase de um amigo: tens rosto de bonequinha. Conquistas facilmente a atenção das pessoas.
E os olhos que fitavam a bonequinha se inundaram em lágrimas, lembrou dela e de tantas outras bonequinhas por aí existentes que eram belas, mas que também eram feitas de fragilidades, e que na ausência da grande sorte não possuíam bons donos. Seu corpo de louça já apresentava os arranhões do tempo e da falta de cuidado, e não demorariam a se quebrar em cacos. E a gente que tanto espera bons cuidados dos donos (boa mãe, bom pai, bom amigo, bom amor) se surpreende com situações assim. Quem mais te tem na mão, mais te ataca. Talvez, quem sabe, a bonequinha ainda tenha sorte e encontre quem recolha e cole seus cacos. E num passe de mágica (ou amor) ainda te tornes de plástico.

sábado, 17 de abril de 2010

DeZcompasso do amor


Ironicamente não ter sorte no amor, nos revela também o quanto de paciência nós temos para tentar resolver problemas teórica e praticamente sem solução aparente. E não importam quantas soluções você queira dar, passar horas traçando x e y na equação do amor é simplesmente perda de tempo. Ah sim, você pode enumerar de dois a dez compassos ou passos que tem mantêm ali, estática, apática a todas as situações. E elas com certeza te ajudaram a tentar entender sua situação paradoxal. Amor não requer apenas ritmo, não basta esperar quem vai ceder primeiro. Nem sempre dizer sim ou não resolve o problema. É complexo demais pra você e sua simplória vida, confere!
Ser simples, é visto, te traz prejuízo. A simplicidade do amar por amar, querer por querer, sem mais explicações é o ópio, provoca loucura. Não o frenesi esperado, a euforia aparente, excitação plena, falo. Vira narcótico de "bula" de médico de sanatório. Alucinação depressiva, tirar manga sem vara e sem pé, medo impróprio para a causa, choro, dor, incompreensão pura, minha e sua.
É difícil acreditar que prefiram o complexo ao simples, a insensatez pela sanidade. A ausência do gozo, do riso, do ápice. Abstinência pura de felicidade.
Eu cedo, não me converto ao teu satisfatório dom de não amar. Não julgo! Mas lamento.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Por uma vida mais real

Estava ela andando de carro pelas ruas do seu bairro e relembro o quanto tinha de diferente aqueles lugares, eles que na sua época eram tão cheio de gente, de barulho de crianças e adultos, agora estava o retrato da solidão, sóbrio, vazio e triste. Comentou e ainda no carro: acho que não é a violência apenas não, as crianças de hoje em dia não pensam em brincar de correr, preferem jogar games online, hoje estamos distantes do mundo real e das pessoas reais, brincou.
Notou também que ela não ficava tão distantes das crianças que ela mesmo “criticou” com a diferença de ter vivido uma infância de contato físico real. Hoje não só as crianças, mas nós os adultos estamos nos esquecendo da graça e importância que tem a companhia de alguém real, talvez por que os contatos virtuais não fazem nos sentir tão só assim.
Reparou também que contatos virtuais são o que a gente quer que seja, é fácil tá aparentemente feliz, basta uma frase bonita e todos acreditam, é fácil ser bonito, é fácil ser legal, isso faz, sem dúvidas, ser tão bom usar a versão virtual da vida real.
Mas e o olho no olho, e as reais tristezas, onde elas estão nesse mundo virtual? Não ficavam claras, nem exposta, a não ser se quisesse ser demonstrada. E quando são, nem percebemos tanto, principalmente se coincidir com um e-mail novo que chegou e nos deixou curioso.
Difícil ajudar uma alma que pede socorro, quando sua foto virtual é um sorriso esplendoroso. E ela, hoje sofria por não ter visto e nem sentido a aflição de um amigo que perdera de forma inaceitável (aquela que vai contra as leis de Deus).
“Onde eu tava” exclamava todos os amigos quando receberam a bruta notícia (pancada das grossas no coração). Talvez, meu Deus, ocupados olhando as muitas fotos de rostos felizes numa página virtual, quiçá na mesma semana nós tivéssemos olhado a dele também.
Sentiu saudades da época em que está triste era sinônimo de choro explicito e cara emburrada na rua.
Sentiu pena pelas tantas outras notícias de amigos lamentando tal acontecimento mundo a fora, de tal fardo no coração levado por tantos. Culpa, ausência, dor, saudades e principalmente impotência. Por um único motivo: solidão na vida real.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Conselhos


DAR NÃO É FAZER AMOR

Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete. Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom... Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora. Durante um mês. Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar. É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro. É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir. É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra daro primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:"Que que cê acha amor?". É não ter companhia garantida para viajar. É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia. Dar é não querer dormir encaixadinho... É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar
Experimente ser amado...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Anônima Imaginação


Mais uma noite em que ela tentava distrair o longo tempo de sua insônia, no passar do tempo viu-se lendo e relendo textos escolhidos por afinidade. Em meio aos textos logo veio uma lembrança de quando criança, onde adorava não somente desenhar, como criar contos da carochinha, e em meio a tantos rabiscados no que antes eram folhas cândidas, lembrava-se bem de sua estória preferida, cujo ela própria denominou de o Urso e a abelha. Poucas linhas, vários erros, mas muita criatividade para alguém tão pequenina. Não imaginava ela que hobbie, voltaria à tona depois de tantos anos, e que bom era segurar um dos seus prazeres infantis.
Voltou então a sua atenção para a sua distração inicial, e ficava cada vez mais impressionada com tanta gente de tamanha criatividade, e ela que costumava ler vários textos de amigos, via-se surpresa com toda a capacidade de escrita que se revelava entre as teclas e os papéis imaginários de um computador. Ora, entendia que algumas profissões ajudavam e muito na hora de produzir um bom texto, mas e aqueles que de tão pequenino é o hábito de escrever que em muito se perdiam na grafia do velho português, e os jovens, que muitas vezes nem título de conhecimento é a eles adquirido. Esses, pois bem, feio não faziam na vasta e anônima imaginação.
Quanta coisa boa ela via.