domingo, 29 de agosto de 2010

Quando a saudade aperta

Quando a cabeça se opõe aos caprichos do coração como castigo vem a saudade. Toda sinuosa, por saber o tamanho que tem no indivíduo instalado. Ofuscando a visão, restaurando lembranças, trazendo à tona o que insistentemente foi deixado adormecido. Tirando o fôlego que outrora foi retomado.
E o que ela não sabe, ou parece não se importar é que quando a cabeça se opõe ao coração, grandes são os motivos.
E a cabeça, teimosa que é insiste em combater a saudade com flashes de tudo que fora vivido. Mas o coração retoma entre muitos sentimentos, o de amor a si mesmo e com isso impõe que não se deixe para traz a índole conquistada, que por qualquer migalha de amor não pode ser esquecida, sim, o que não é completo como o esperado pode ser chamado de migalha, mesmo que esse pouco não seja ruim, mas sem dúvidas é insuficiente.
E o coração como imponente que é não aceita que o tudo seja tão pouco e combate a saudade com toda força que pode, e deixa que ela não passe de bons pensamentos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Jogo da verdade?


Quando na adolescência, jogar o jogo da verdade era o primeiro passo pra falar um monte de mentiras. Sim, dificilmente alguém queria ficar por baixo quando o assunto era relacionamento amoroso, e como as perguntas eram todas, ou quase todas desse nível bem, fácil era mentir.
A adolescência passa, mas o jogo da mentira não. Talvez porque os relacionamentos antes visto como meros assuntos de jogo de calçada viram casos sérios e difíceis de serem administrados. E quando fala-se em mentira não é relacionando a fidelidade ou lealdade não. A mentira aparece nas coisas mais banais, ou aparentemente banais. Quem sabe seja por um não querer que os sentimentos nos atropelem, medo mesmo de estar nas mãos dele. O que pesa é que mentiras pequenas podem causar abalos grandes, quando descobertas ou suspeitas. E aquilo que foi dito a esmo, meio sem se preocupar com o impacto, cresce além do que era esperado. Pena pros dois se o intuito não era um dano tão grande.
É difícil fugir das mentirinhas, seja elas boas ou más (mal?) intencionadas, parece que nos acostumamos a tê-las por perto, e assim com no jogo da verdade a mentira para nós, ex-adolescente, faz com que pareçamos esperto, mesmo sem notar o semblante de bobo estampado na cara.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Imaginário ou não


Cantarolava ao subir a escada quando parou e olhou para trás como quem obedece a um chamado. Que foi? Perguntou sua mãe. Tati falou comigo, respondeu a garotinha. E Tati está aqui? Replicou a mãe. Tá, ai do teu lado!
Comum em sua família era casos de amigos imaginários, não tão reais e prolongados quanto o da pequena garotinha, que lhe acompanhava desde seus 2 aninhos e meio.
No bate e rebate de histórias de família, lembrou-se da tia da garotinha que tinha visitas noturnas de um macaquinho, daqueles no estilo Murphy dos anos 80/90. Sim, visita absolutamente noturna e aventureira. Todo dia era um roteiro especial dos danados, e os diálogos muitos durante toda à noite. Talvez este seja o motivo das insônias persistentes da mocinha, ter aprendido a sonhar acordada ainda pequenina. A visita durou até vim a mudança de casa, e sua saída a força do local, seu amigo apegado ao local, talvez, não acompanhou. Logo a vivência do fato virou um leve recordar sem nexo.
Para alguns a presença de um amigo não passa de imaginação das criancinhas, para outros a visita de espírito amigo. Não sei ao certo, mas quem passa e lembra a experiência, percebe não ter muito haver com imaginação. E quando engraçadamente a visita desses “amigos” passa a serem rostos conhecidos em fotografias antigas de parentes que já estão com Deus? Como fatos já relatados. Assim fica difícil justificar a tal imaginação. O que é não importa muito, se bem faz, claro. Mas que aguça a curiosidade isso não podemos negar!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Filhos


Meio em clima de maternidade dado pela alta fertilidade familiar, reativei os dons sempre tidos. E quiçá seja por isso meu maior receio de engravidar, se doar demais aos filhos.
Confesso que acho lindo tudo que vem da maternidade, e quão saboroso é essa fase de escolhas, seja de roupinhas e mimos ao para todo e sempre nome.
Na linha senhora das adivinhações faço meu presságio de que terei o único membro macho da família, o bendito entre as mulheres. Embora em sonho sempre apareça uma figura feminina, de cabelos e pele clara, mas como os sonhos são apenas sonhos e falhos, estes, mesmo que repetitivos, tende a padecer, a começar pela figura paterna, sempre presente nos sonhos, mas não na vida.
Ainda com os detalhes azuis em mente, exclamo o gosto pelo nome Gabriel, que soa com total doçura, e que cujo significado me agrada muito.
Esse dom divino, que mesmo deixando a silhueta ingrata por fatídicos nove meses, agora é bem-vindo, embora não há ideia se em meses ou anos, mas fica aqui possibilidades.
Ps: apesar do texto a vida de tia não é ruim, até pq as tias de hoje já não são as megeras do caritó. Tão boas que as sobrinhas pedem pra serem irmãs gêmeas.

domingo, 15 de agosto de 2010

Canção da Plenitude

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente,
e a pele translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas,
sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria,
busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor,
com mais paciência e não menos ardor,
a entender-te se precisas,
a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

L. Luft

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A desligada


Entrar no ônibus errado, usar cartão de plano de saúde pensando ser o passe-fácil, esquecer a escova dente no bolso, são umas das coisas comum que acontece com a menina desligada. Como se não bastasse, esquecer fisionomias, nomes e caminhos.
É fato que pessoas distraídas deixam de reparar coisas hilárias ou boas de mais para não serem notadas, embora quando notadas, às vezes, caem rapidamente no esquecimento.
Talvez seja biológico, e isso possa justificar sua parcela de culpa de passar pelo mundo sem repará-lo tão profundamente. Peninha!
Fato é que pessoas desligadas volta e meia chateiam-se com sua falta de atenção aguçada, pois bem, a danada só hoje, após 3 meses de curso, percebeu o Deus grego que lhe atendia vez e sempre na lanchonete do local, e fica dito que a mesma já falou e brincou várias vezes com o dono de tanta beleza. Mas ao sentar no banco e esperar seu habitual suco de cajá com leite, o qual ele já sabe o sabor preferido, reparou as linhas delicadas do seu rosto, o formato perfeito do sorriso, e foi descendo para notar o não notado antes. Estava em dívidas consigo. Exclamou: nossa! Onde eu tava que nem percebi isso tudo.
Enquanto esperava, filosofava sua própria distração: que me desculpe os feios, que são muitos, não é tão fácil ver um arranjo perfeito de corpo e rosto bem distribuídos, e sem querer deixar exposto o adjetivo de educado-demais-da-conta.
Encanto!
Beliscou-se, pegou gentilmente o suco, olhou nos olhos, sorriu com gratidão. Saiu! Não resistiu e olhou para trás. E percebeu que ela era distraída, mas ele percebia bem suas clientes.
Sorriso de ambos. E suco mais vezes, bom pra saúde, pros olhos e pro coração!

domingo, 8 de agosto de 2010

Shangri-la


Contando que todo mundo sonha com um lugar ideal, aquele sim parecia o seu. Um Shangri-la em plena cidade grande. Sim, para qualquer amante da natureza a promessa de 45.000m 2 de área verde parece sonho. E embora a paisagem do progresso estivesse por lá, o cuidado era tão grande que até os nomes dos edifícios caiam em graças ao falar de fauna e flora, soava bem dizer que morava no beija-flor, arara, papoula ou num tal jasmim. Era como se isso devolvesse um pouco da beleza natural das coisas.
Embora conhecesse apenas de nome, ousou falar do seu lugar encantado a quem um dia lhe perguntou sobre um lugar legal pra morar. Não revelou que era seu sonho estar ali, fincar raízes e produzir frutos tais quais todas as belas árvores que faziam moradia no mesmo terreno.
Sem esperar recebeu do mesmo amigo o convite de visitar o local, e o que fora descrito em folders de apresentação terminou enfim diante dos seus olhos. Incrível, o ar tinha cheiro de pureza e os passarinhos cantavam o tempo todo, reparou nas imensas árvores e nas formigas andando em trilha pela terra, que não era escassa por lá. Era mais sonho do que no próprio sonho.
Depois do deslumbre percebeu que estava sem graça diante do amigo, que para ela era mais que amigo, mas que por respeito a decisão do mesmo, quis chamar-lhe assim. Pra disfarçar o rubro do rosto, que teimava em aparecer, decidiu continuar escolhendo o nome da torre ideal para o seu humilde apartamento, brincava. E tratou de escolher o mesmo pelo nome de uma das flores que mais gostava: jasmim. Sua imaginação (um pouco fértil) foi interrompida pela presença do amigo não amigo, que falava as tantas com o corretor que mostrava o paraíso.
Sentiu-se feliz pela curiosidade do amigo não amigo, que tão preocupado em fazer perguntas, não percebeu quando os olhos delas revelaram em um sutil fio de lágrima, o lamento da possibilidade de o amigo não amigo fincar sua raiz sem produzir e dividir os frutos com ela. O sorriso espantou a lágrima teimosa que queria estragar a sua “descoberta” e dia.
E para quem perguntasse, poderia dizer que o paraíso agora tinha nome, e que era aqui na terra.

domingo, 1 de agosto de 2010

Entre elas




- Mas vcs num tão juntos ainda?
- Se aquilo pode se chamar de juntos, estamos sim?
- Vc disse que vcs estavam bem!
- Continuo dizendo, o que não quer dizer nada!!
- E o seu instrutor ?
- Continua provocando!
- E vc, fiel?
- Tentando. Difícil alguém reparando as mudanças do seu corpo. Ainda faz questão de dizer ao nosso amigo para eu ficar sabendo. Não bastava só olhar RS. Outro dia nos encontramos num barzinho desses...
- E ai?
- Se ele fosse mais esperto talvez não resistisse.
- Então quer dizer que com o outro não tá tão bem?
- Eu chego onde ele permite. Porém se eu cansar, ou achar pouco...
- Então vc não é tão apaixonada assim?
- Só sofro num relacionamento enquanto não tem outro, quando tem logo mudo o foco.
- Então tu nunca sofre!
(risos)
- Pois é, bolso e coração de mulher tem mesmo é que se manter independentes!
- Ôo