quinta-feira, 11 de março de 2010

Por uma vida mais real

Estava ela andando de carro pelas ruas do seu bairro e relembro o quanto tinha de diferente aqueles lugares, eles que na sua época eram tão cheio de gente, de barulho de crianças e adultos, agora estava o retrato da solidão, sóbrio, vazio e triste. Comentou e ainda no carro: acho que não é a violência apenas não, as crianças de hoje em dia não pensam em brincar de correr, preferem jogar games online, hoje estamos distantes do mundo real e das pessoas reais, brincou.
Notou também que ela não ficava tão distantes das crianças que ela mesmo “criticou” com a diferença de ter vivido uma infância de contato físico real. Hoje não só as crianças, mas nós os adultos estamos nos esquecendo da graça e importância que tem a companhia de alguém real, talvez por que os contatos virtuais não fazem nos sentir tão só assim.
Reparou também que contatos virtuais são o que a gente quer que seja, é fácil tá aparentemente feliz, basta uma frase bonita e todos acreditam, é fácil ser bonito, é fácil ser legal, isso faz, sem dúvidas, ser tão bom usar a versão virtual da vida real.
Mas e o olho no olho, e as reais tristezas, onde elas estão nesse mundo virtual? Não ficavam claras, nem exposta, a não ser se quisesse ser demonstrada. E quando são, nem percebemos tanto, principalmente se coincidir com um e-mail novo que chegou e nos deixou curioso.
Difícil ajudar uma alma que pede socorro, quando sua foto virtual é um sorriso esplendoroso. E ela, hoje sofria por não ter visto e nem sentido a aflição de um amigo que perdera de forma inaceitável (aquela que vai contra as leis de Deus).
“Onde eu tava” exclamava todos os amigos quando receberam a bruta notícia (pancada das grossas no coração). Talvez, meu Deus, ocupados olhando as muitas fotos de rostos felizes numa página virtual, quiçá na mesma semana nós tivéssemos olhado a dele também.
Sentiu saudades da época em que está triste era sinônimo de choro explicito e cara emburrada na rua.
Sentiu pena pelas tantas outras notícias de amigos lamentando tal acontecimento mundo a fora, de tal fardo no coração levado por tantos. Culpa, ausência, dor, saudades e principalmente impotência. Por um único motivo: solidão na vida real.