Há quase 13 anos ou mais ganhei uma integrante a mais na
família, que decidiu fugir da sua casa e viver na minha, poucas casas depois na
mesma rua, sua insistência era tanta que aos poucos deixamos ela ficar, teríamos
sido nós escolhido por ela. Tão bonitinha e engraçada, andava aos pinotes que
tinha muito mais de cabra do que de gata.
Sua especialidade era tanta que na primeira barriga, quase
perde a vida por causa de uma cabeça malvada, não era sua hora, deu a luz a três
pequenos (um nem tanto) gatinhos. Com poucos dias sua ninhada aumentou e chegaram
quatro companheiros levados sorrateiramente pela sua mãe, que pela lógica dos
bichos não diferente a de alguns humanos, irmãos mais velhos tem que cuidar dos
mais novos. Ela não se impôs, cuidava carinhosamente de todos, com mais alguns
dias, novos filhos, estes encontrados na casa da vizinha após morte da mãe (uma
gata de rua), quando eu e ela também achamos que ia acabar chegaram mais dois,
filhos de um parto Cesário e tristonhamente rejeitados, somaram-se treze de
diferentes idades, que nem nos seus tantos peitos cabiam, mas que sadiamente
todos cresceram e se fortaleceram cobertos de carinho. A danada não me deu
muito sossego, floresceu minha casa de bichos, que para “tristeza” da minha mãe
eu sempre me apegava e não queria dá-los, principalmente quando criativamente
colocava nomes (e como gostava), como boa mãe usava o espaço tranquilo da minha
rua para correr e dar piruetas com os seus muitos filhos, e todos da rua nos divertíamos
com eles. A sua doçura e maternidade era tanta que quando menos esperava ela
estava dormindo com as minhas sobrinhas na cama.
Sobreviveu a um envenenamento, um atropelamento e uma
cirurgia pesada, fazendo jus a fama de terem 7 vidas, mas perdeu como todos nós
para o tempo, contudo encarou os últimos dias de cabeça tão erguida que foi impossível
não admirá-la.
Por Tigrão, Kessy Jones, Toty, Ted, Punk, Pink
Picote, Adam, Nick, Belinha, Brendon, Nino e outros que não recordo o nome, ela
deu alguns pequenos passo e selou com carinho o focinho do Jordan, também seu,
mas que há muito só se estranhavam, ele a olhou deu um pulo e correu, talvez
tímido ou por ter entendido o que aquele ato significava, eu de longe com os
olhos marejados esperando o que já ia acontecer pensei: como os bichos são
muito, mas muito mais humanos que nós. Ficou ai a prova.
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