domingo, 25 de abril de 2010

Boneca de Louça


Entre caixas e mais caixas tocou na sua antiga bonequinha de porcelana, sentada ali acariciando o rostinho resistente, exclamou: não é tamanha sorte ser uma boneca de porcelana, embora presenteada por traçados delicados e atraentes, tanta beleza esconde fragilidade. E isso nos tira o paradigma de ver belo como bom. Se é quebrável facilmente não é bom. Sorriu. Para que uma bonequinha assim dure aos castigos do tempo é preciso um bom dono.
Ainda fitando aquela pele ávida lembrou–se de uma frase de um amigo: tens rosto de bonequinha. Conquistas facilmente a atenção das pessoas.
E os olhos que fitavam a bonequinha se inundaram em lágrimas, lembrou dela e de tantas outras bonequinhas por aí existentes que eram belas, mas que também eram feitas de fragilidades, e que na ausência da grande sorte não possuíam bons donos. Seu corpo de louça já apresentava os arranhões do tempo e da falta de cuidado, e não demorariam a se quebrar em cacos. E a gente que tanto espera bons cuidados dos donos (boa mãe, bom pai, bom amigo, bom amor) se surpreende com situações assim. Quem mais te tem na mão, mais te ataca. Talvez, quem sabe, a bonequinha ainda tenha sorte e encontre quem recolha e cole seus cacos. E num passe de mágica (ou amor) ainda te tornes de plástico.

3 comentários:

Abraão Martins disse...

Lindo texto, como sempre....Alguém me ensina a chorar , acho que não sei ainda :(....beijos

Anônimo disse...

Liiindoooo. Acho que todas nos mulheres, somos uma boneca de louça certo? mas algumas a louça é mais grossa e mais resistente, mas no fundo sempre esperando que alguem que nos conserte se por acaso quebrarmos :D

:*

Céu disse...

de acordo, Nany :)